SÊNECA
Com tudo que estamos vivenciando hoje no Brasil e no mundo, julguei oportuno buscar entendimento em textos de filósofos clássicos que possam alargar a visão sobre fatos da História contemporânea. Escolhi um texto de Sêneca, o filosofo romano.
Lúcio Aneu Sêneca, nasceu em 4 a.C. em Córdoba, na Hispânia, e morreu em 65 d.C. em Roma. Foi um filósofo, estadista, dramaturgo e orador romano, amplamente reconhecido como um dos mais importantes representantes do estoicismo. Ele passou parte de sua juventude em Roma, onde se envolveu na política e ganhou fama como advogado e senador. No entanto, sua carreira política foi tumultuada, marcada por exílios e retornos. Durante o reinado do imperador Calígula, Sêneca foi quase executado, mas foi salvo pela intercessão de uma amante do imperador. Sob o governo de Cláudio, foi acusado de adultério com Júlia Livila, sobrinha do imperador, e exilado para a Córsega por oito anos. Sêneca retornou a Roma em 49 d.C., graças à influência de Agripina, mãe de Nero. Tornou-se tutor e conselheiro de Nero, futuro imperador. Durante os primeiros anos do reinado de Nero, Sêneca e o prefeito do Pretório, Burro, governaram efetivamente Roma, promovendo um governo relativamente estável e moderado.
Apesar disso, ou talvez por isso, em 65 d.C., Sêneca foi acusado de conspirar contra Nero e condenado ao suicídio. Ele aceitou seu destino com a serenidade de um verdadeiro estoico, deixando um legado duradouro na filosofia e literatura ocidentais.
Sobre a brevidade da vida
(ver nota)
Por que reclamamos da Natureza? Ela tem se mostrado bondosa; a vida, se você souber como usá-la, é longa. Mas um homem é possuído por uma avareza insaciável, outro por uma devoção árdua a tarefas inúteis; um homem está embriagado com vinho, outro está paralisado pela preguiça; um homem está exaurido por uma ambição que sempre depende da decisão dos outros, outro, impulsionado pela ganância do comerciante, é conduzido por todas as terras e todos os mares pela esperança de ganho; alguns são atormentados por uma paixão pela guerra e estão sempre inclinados a infligir perigo aos outros ou preocupados com que levem perigo a si próprio; alguns estão cansados pela servidão voluntária em uma atenção ingrata aos grandes; muitos estão ocupados na perseguição da fortuna alheia ou em reclamar da própria; muitos, sem um objetivo fixo, mutáveis e inconstantes e insatisfeitos, são mergulhados por sua volubilidade em planos sempre novos; alguns não têm princípio fixo para orientar seu curso, mas o Destino os pega de surpresa enquanto eles se encostam e bocejam – tão certamente acontece que não posso duvidar da verdade daquela declaração que o maior dos poetas proferiu com toda a aparência de um oráculo: “A parte da vida que realmente vivemos é pequena”. Pois todo o resto da existência não é vida, mas apenas tempo. Vícios nos cercam por todos os lados, e eles não nos permitem soerguermos de novo e levantar nossos olhos para o discernimento da verdade, mas nos mantêm para baixo quando uma vez nos dominaram e estamos acorrentados à luxúria.
Nota:
Aqui destaco o capitulo 2 da obra citada. A obra completa pode ser encontrada na internet em diversos formatos, pdf, epub, e outros. Podem também ser encontrados diversos vídeos sobre a obra.
RA